quarta-feira, 26 de agosto de 2009

“Bom reavivar a memória da nossa gente”

Invocando a frase acima, o candidato Fernando Collor atacou Sarney no horário eleitoral de 1989 e acusou o então presidente de apadrinhar acusados de corrupção.
“Político de segunda classe”, “cidadão de más intenções”, “irresponsável”, “fraco”, “omisso”, “um dos piores presidentes que o Brasil teve a infelicidade de ter”. O repertório de adjetivos utilizados pelo então candidato Fernando Collor de Mello para se referir ao então presidente da República, José Sarney, em horário nobre da TV, em 1989, é o mais novo sucesso da série “esqueçam o que eu disse” a correr pela internet.
Em pleno horário eleitoral, Collor acusava Sarney de tentar tumultuar o processo eleitoral para favorecer a candidatura do apresentador de TV Silvio Santos (que acabou barrada pela Justiça eleitoral) com o objetivo de se tornar um “ditador de opereta”.
As imagens e o áudio se deterioraram com o tempo, mas é possível identificar todo o teor postado, no último dia 4, por um usuário identificado como “Olhos da Eternidade” no YouTube.
Confira:
Carona na história
“É bom reavivar a memória da nossa gente”, dizia Collor, quase que profeticamente, antes de disparar nova artilharia verbal contra o passado do então desafeto.
“O senhor sempre foi um político de segunda classe, o senhor nunca teve uma atitude de coragem, o senhor pegou uma carona na História, beneficiando-se de uma tragédia que emocionou o país. O senhor é culpado pela maior inflação de todos os tempos, o senhor arrochou o salário do trabalhador brasileiro, o senhor contrariou a vontade de todos e insistiu em ficar mais um ano na presidência”, disse Collor, dirigindo-se ao então presidente da República.
Os ataques prosseguiram: “O senhor passou todo o tempo do seu governo apadrinhando seus amigos e familiares, muitos dos quais sendo processados por atos de corrupção. E ao mesmo tempo perseguiu implacavelmente todos os que discordaram de seus métodos e seus atos, como fez comigo e com o povo de Alagoas, tudo porque fui o único governador a não concordar com cinco anos de mandato, com o seu clientelismo e fisiologismo. Agora, quando todo o país quer vê-lo pelas costas o senhor golpeia o processo democrático e põe em risco nossas instituições. Me responda, senhor José Sarney: por que o senhor tem receio da mudança no Brasil? O senhor está com medo de quê? O senhor está com medo de perder seus privilégios e mordomias? Talvez. Ou está com medo de ter seu governo investigado, devassado? É, o senhor tem mesmo razão em ter medo, porque eu vou mesmo levantar a sujeira do seu governo e pôr os corruptos na cadeia”.
O discurso implacável do então candidato à presidência pelo PRN contrasta com a defesa veemente com hoje senador do PTB de Alagoas tem feito ao atual presidente do Senado, o mesmo José Sarney.
“Esta Casa não pode se agachar. Não pode e não haverá de se agachar àquilo que a mídia, ou certa parte da mídia, deseja. Ela não conseguirá retirar o presidente José Sarney desta cadeira. Não conseguirá”, discursou Collor na fatídica sessão do último dia 3, depois de dizer que estava ao lado de Sarney e mandar o senador Pedro Simon (PMDB-RS) engolir e digerir como lhe conviesse as próprias palavras (leia mais).

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