sexta-feira, 27 de novembro de 2009

DILMA EM RISCO


Geraldo Elísio escreve no "Novojornal". Prêmio Esso Regional de jornalismo,
passado e presente embasam as suas análises
Por Geraldo Elísio


“Duvide, pergunte, certifique-se e resolva. Nessa ordem.” – Cardeal Mazarino

A análise dos fenômenos políticos comporta calma e reflexão. A ministra Dilma Rousseff deve estar com a pulga atrás da orelha em relação ao panorama sucessório de Minas. Ela tem bom relacionamento com o ex-prefeito Fernando Pimentel e também com o ministro do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Patrus Ananias. Mas à dona Dilma não é dado o direito de se iludir em relação ao comportamento de eleitores e delegados partidários.
Mesmo sendo mineira, a ministra Rousseff, ao que me parece, nunca leu o “Manual do PSD”, uma espécie de bíblia não codificada e que, a exemplo do “Manual dos Escoteiros” de Huguinho, Zezinho e Luizinho, os sobrinhos do Pato Donald, veteranos personagens dos cartoons, oferece saída para tudo.
Relax? Não! São peculiares os 853 municípios de Minas, inclusive em função das nossas divisas, o que o dizer de Guimarães Rosa transforma Minas em “muitas patriazinhas”. O segundo turno da disputa a envolver o ministro Patrus Ananias e o ex-prefeito Fernando Pimentel é um sinal de alerta fortíssimo que, se souber ser lido, resultará em consequências agradáveis, caso contrário, poderá resultar em “chorar na cama que é lugar quente”.

As bases do PMDB aceitam Patrus e rejeitam Pimentel. Além do mais, delegados partidários ou outros convencionais não refletem a totalidade das bases. E em não sendo atendido o PMDB tende ao caminho mais curto: aceitar uma aproximação com o Palácio da Liberdade.
Qual o jogo? É a pergunta que não quer se calar.

Fernando Pimentel quer o Palácio da Liberdade. Legítimo! Mas a que preço? Colocando a eleição de Dilma em risco, mesmo sendo amigo dela, o que de resto Patrus também é? Contando com o apoio de Aécio Neves? Se assim for, Aécio irá trair o PSDB? Ou se utilizará da esperteza para trair o PT? E o que pensa disso tudo “o cara” chamado Lula? Arriscará a hipótese de ver Aécio trair Serra, ainda que tenha de “entregar” companheiros fiéis para salvar o projeto maior que é Dilma? Adotará a máxima (sem trocadilhos) de entregar os anéis para não perder os dedos? Correrá o risco do tudo ou nada, arriscando-se a perder Brasília e o Palácio da Liberdade? Confia mesmo em sua capacidade ainda não testada de transferir votos, o que até hoje, no Brasil, só foi conseguido por Leonel Brizola? Desconhece todas as insatisfações, todas as greves de todos os gêneros e naturezas que ocorrem em Minas, corroendo a imagem de Aécio e que a imprensa censurada via cifrões não noticia? Se eu fosse a dona Dilma Rousseff ficaria esperta. Ou ela está com a “síndrome do estacionamento”, apenas guardando vaga?
E se as respostas confirmarem as indagações, não é uma “prova de fraqueza do Lula”? Seria assim como se o Cruzeiro pedisse ajuda ao Atlético mineiro ou vice-versa, o mesmo ocorrendo em relação ao Palmeiras e ao Corinthians, Vasco e Flamengo, Internacional e Grêmio e por aí a fora, pois há muito futebol não é mais a minha praia.
“Amigo é coisa pra se guardar / do lado esquerdo do peito...”, dizem Fernando Brant e Milton Nascimento. Pimentel tem mesmo desvelo para com Dilma ou serei eu que estou mal informado sobre todas as pedras no tabuleiro do xadrez político. Afinal. o que não falta, insisto, é quem diga que há muito Lula se afastou do PT.
“Em rio que tem piranha jacaré nada de costas e macaco toma água de canudinho.”
Este espaço é permanentemente aberto ao democrático direito de resposta a todas as pessoas e instituições aqui citadas.
Fonte: Novo Jornal

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