sexta-feira, 30 de abril de 2010

Imposição de Lula pode esvaziar campanha de Dilma

Lula dá sinal verde para PT intervir em Minas
Disposto a obrigar o PT a apoiar a candidatura do senador Hélio Costa (PMDB) ao governo de Minas, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva deu sinal verde para o Diretório Nacional petista intervir na seção mineira, caso o partido não saia pacificado da prévia marcada para o próximo domingo.
Lula está convencido de que Dilma Rousseff, pré-candidata do PT à sua sucessão, precisa não apenas do apoio do PMDB como de palanque único em Minas para chegar ao Planalto. Trata-se do segundo colégio eleitoral do País, depois de São Paulo, administrado pelo PSDB.
Há, porém, uma crise à vista: a disputa no PT de Minas envolve justamente o ex-prefeito de Belo Horizonte, Fernando Pimentel ? um dos coordenadores da campanha de Dilma ?, e o ex-ministro do Desenvolvimento Social, Patrus Ananias, que comandou o Bolsa-Família. Ao que tudo indica, quem ganhar não vai levar e pode, no máximo, ser candidato ao Senado ou a vice na chapa liderada por Costa.
O potencial de desgaste desse confronto foi tratado ontem em duas reuniões reservadas. Em uma delas, um café da manhã na casa de Marco Maia (RS), vice-presidente da Câmara, deputados que integram a corrente Construindo um Novo Brasil (CNB), majoritária no PT, cobraram do presidente do partido, José Eduardo Dutra, uma posição mais firme como porta-voz da equipe de Dilma.
Amigo da candidata desde os tempos da juventude, Pimentel é alvo de fogo amigo no PT. Em conversas reservadas, dirigentes do partido avaliam que ele "posa de coordenador" e debitam na sua conta a responsabilidade pela falta de eixo na primeira etapa da campanha, quando Dilma tropeçou nas palavras e cumpriu agenda sem densidade política, ficando "refém" do adversário José Serra (PSDB).
Na prática, há uma trinca de homens fortes na campanha, que nem sempre agem em sintonia: Dutra, Pimentel e o deputado Antonio Palocci, ex-ministro da Fazenda. O presidente do PT representa o partido; Pimentel é o nome de Dilma e Palocci, o de Lula.
Dor de cabeça. O embate em Minas para definir quem será o candidato à sucessão do governador Antonio Anastasia (PSDB), um aliado de Aécio Neves, põe o PT em rota de colisão com o PMDB e promete dor de cabeça para Dilma, embora haja outros casos na fila do enquadramento. Na lista está o Maranhão, onde Lula exige que o PT apoie a reeleição de Roseana Sarney (PMDB).
(...)
Dutra também tentou jogar água na fervura. Apesar de vários deputados terem confirmado ao Estado a presença dele na reunião de ontem, relatando até mesmo suas observações, Dutra desconversou: "Não fui a esse encontro." O presidente do PT usou ainda um jogo de palavras para dizer que não haverá enquadramento em Minas. "Eu não tratei desse assunto com o presidente Lula e o caso não é de intervenção", insistiu.
No lugar de intervenção, a cúpula do partido fala agora em decisão política. "O 4.º Congresso do PT, em fevereiro, deu poderes ao Diretório Nacional para definir a política de alianças nos Estados", afirmou Dutra. "Nós não vamos aceitar uma solução de cúpula", reagiu o deputado Reginaldo Lopes, presidente do PT mineiro.
Fonte: Estadão

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