quarta-feira, 22 de julho de 2009

QUANDO SETEMBRO VIER

*Por Geraldo Elísio

“... Pelo que se nota que os homens são aliciados ou aniquilados.” – MaquiavelQuando setembro vier é possível que tenhamos profundas reviravoltas no quadro político brasileiro. Vamos às razões. Fala-se da possibilidade de renovação das casas legislativas até da ordem de 80%. Ressalvadas as exceções – no caso dos dois lados – ninguém acredita mais nos políticos brasileiros. Perdidos que eles estão num cipoal de contradições e práticas ilícitas que irritam o povo.Se eu sei disto, imagine o presidente Lula e os demais componentes do séquito? E se Lula sabe irá mover as peças no xadrez político. Sabendo que a proposição de um terceiro mandato é negativa, o que poderá fazer? Propor uma coincidência visando a unificação de todos os pleitos. Mas aí a oposição se levantará em armas. A opinião pública, nacional e internacional criticará o governo. As forças armadas poderão reagir. Lula sofrerá desgaste internacional.Qual nada. Sabendo não dispor de credibilidade popular e vendo ameaçados os seus mandatos, nem a situação ou a oposição irá gritar contra. Dilma, a mãe do PAC, que está mais para Denorex – parece, mas não é – não gritará por ter guardado vaga e sufocado o crescimento do nome de outro eventual candidato. Ficará satisfeita com mais dois anos para Lula e provavelmente continuará a frente da Casa Civil.
José Serra, o governador de São Paulo, o maior estado brasileiro, com a possibilidade de disputar mais um mandato também se sentirá confortável na certeza de ficar mais tempo no Palácio dos Bandeirantes. Em Minas, o governador Aécio Neves, em litígio com Serra e impossibilitado por regras constitucionais de concorrer à sua própria sucessão, de bom grado não irá protestar contra um mandato de 10 anos à frente do Palácio da Liberdade. E, de quebra, Lula resolverá a pendência entre Neves e Serra.
Assim sendo a mídia não protestará, a não ser um ou outro caso isolado, até porque a grande imprensa é gêmea siamesa da publicidade governamental. Somados todos os fatores, desaparece também a hipótese das repercussões internacionais e desgaste para “the guy”, copy rigth by Barack Obama, que teria sido mais adequado se a ele se referisse como “Wood Face” (o cara de pau).
Quanto aos militares, preocupados com assuntos mais sérios e circunscritos a uma esfera de pensamento voltado para questões relevantes, não irá interferir. Os militares brasileiros, apesar de envolvidos em muitos golpes, não têm a tradição de agir de moto próprio. Sempre saíram às ruas quando o povo foi bater às portas dos quartéis. Inclusive, em 1964, não foi diferente, ainda que consideradas as manipulações populares traçadas por alguns golpistas com o apoio inconteste da CIA.
Em relação aos militares brasileiros, outra coisa será se alguém pensar em desmembrar a Amazônia do Brasil ou algum oportunista ganancioso tentar entregar aos interesses econômicos internacionais o pré-sal. Mesmo com gente do porte de Daniel Dantas tentando vender o subsolo brasileiros aos gringos, os militares sabem – principalmente os da Arma de Infantaria – que para garantir a posse é preciso numa primeira etapa destruir e na outra subseqüente ocupar, manter. Não é sem razão que os melhores guerreiros de selva do mundo integram os Batalhões de Infantaria de Selva – BIS. Pode até parecer, mas BIS no caso não é marca de guloseima. Os inimigos não mandam flores e nem chocolate.
O povo, principalmente a classe média, não gostará. Porém, não ficará tão traumatizado em não ter de comparecer às sessões eleitorais para votar. Afinal a ponta da pirâmide – banqueiros, financistas e empresários - bem como a base - numa linguagem quase fora de moda, o lupen – estão satisfeitas. Principalmente se a Polícia Federal continuar desbaratando e prendendo as diversas máfias que se instalaram no Brasil.
Indignados mesmo deverão ficar o ex-presidente Fernando Henrique Cayman, o ex-presidente Itamar Franco, que não perderá a oportunidade de dar um novo “piti” e reafirmar a sua condição de “Galã do Paraibuna” e o colunista Diogo Mainardi. Nem Andrea Neves, o vice-governador Anastasia, o secretário Danilo de Castro ou o presidente da Assembleia, Alberto Pinto Coelho, chorarão. Só se for de alegria. Não é pois sem razão que o presidente Lula, “entre tapas e beijos” – não sei se são pagos direitos autorais ao compositor, instrumentista e cantor Leonardo – esquece o passado e afaga os ex-presidentes Fernando Collor de Melo e José Sarney.
Ele precisa de uma sólida maioria congressual para tudo dar certo.Não sou dono da verdade. Só acredito em uma verdade absoluta, aquela que é formada por um pouco da verdade de cada um dos seres humanos. Mas como o tempo passa rápido, não é demais esperar quando setembro vier, trazendo uma prorrogação. *Geraldo Elísio escreve para o Novo Jornal

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